'Professor defende meritocracia para a criança. Tem de ser para os dois lados' Gestora vai trocar o Rio para comandar Educação no Banco Mundial, sem dar detalhes dos novos desafios em Washington Pular para o conteúdo principal

'Professor defende meritocracia para a criança. Tem de ser para os dois lados' Gestora vai trocar o Rio para comandar Educação no Banco Mundial, sem dar detalhes dos novos desafios em Washington

Paulo Saldaña, Enviado Especial / RIO - O Estado de S.Paulo
A secretária municipal de Educação do Rio, Claudia Costin, já se prepara para a despedida. Aos 58 anos, ela deixa no dia 22 deste mês a pasta que ocupa desde 2009 para assumir a diretoria de Educação do Banco Mundial. Embarca em junho para Washington.
Claudia comandou uma mudança profunda no Rio, acabando com aprovação automática, implementando avaliações e bônus para professores. A rede conseguiu um avanço de 22% no último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no ensino fundamental. Apesar dos resultados, recebeu críticas e teve de enfrentar uma greve de 77 dias.
O prefeito Eduardo Paes (PMDB) defendeu que sua ida para o Banco Mundial coroava suas realizações na cidade. O sindicato de professores defendeu, por sua vez, que a secretária "já vai tarde". Leia entrevista de Claudia ao Estado.
Qual será a sua nova função?
Eu também estou curiosa, ainda não tenho detalhes. Mas o Banco Mundial tem muito conhecimento acumulado sobre o que funciona ou não em educação. Temos de tornar as melhores práticas conhecidas, mas não as da Finlândia, pois não há aqui e na África uma sociedade com aquele nível de coesão. Precisamos de práticas em contextos parecidos.
Que experiências práticas do Rio a senhora vê com potencial de exportar?
Tem de se pensar como em uma rede grande como a do Rio se constrói sinergia entre escolas e equidade. O mais importante foi ter um currículo básico, definindo com clareza o que cada criança tem de aprender. Foi a base sobre a qual o resto foi construído.
Como foi comemorar o Ideb e depois enfrentar a greve?
Enquanto o Ideb dos anos finais no País mostrou estagnação, tivemos melhora de 22%. Não é pouco. Isso demandou dedicação e trabalho com os professores, até mesmo de convencimento. Eu mantenho comunicação constante com os professores, até na greve. Em julho, as manifestações foram focadas no Rio e a greve começou nesse contexto. Houve reajuste de 15,3%, que deixou o salário superior ao da média do País, mas a greve não acabava. Discutia-se que temos uma abordagem meritocrática, depois o sindicato dizia que era a "agenda pedagógica".
O sindicato comemorou sua saída. Como vê o diálogo com a rede e a aceitação da gestão?
Se não houvesse apoio, não teríamos tido melhora. Tento não me iludir, mas é fantástico a adesão a uma proposta que tirou todo mundo da zona de conforto. Quando eu cheguei, praticamente não havia prova. Redação ninguém mais dava.
Mas o que faltava?
Faltava a visão de que educação é política pública. Uma coisa é o processo pedagógico, o professor dando aula na sala, mas precisa haver uma política pública. E isso não se reduz à questão de salário do professor, não é sinônimo de carreira. Política pública é como se organiza um sistema para garantir qualidade e equidade.
A senhora é a favor do currículo nacional?
A gente não vai resolver a educação enquanto não tiver coragem de ter currículo. O país da América Latina com a melhor posição no Pisa (avaliação internacional) é o Chile, que tem currículo muito claro. Os Estados Unidos não tinham currículo e estão em 39.º, sendo a primeira economia do mundo. Agora com common core (currículo comum) tende a mudar. Não tem como construir interdisciplinaridade e sequenciamento pedagógico sem currículo.
Como lidar com a questão da autonomia para chegar a isso?
Temos a autonomia do professor em detrimento de sua própria escola. Um diretor não se sente empoderado de acompanhar uma aula, até para dar um retorno. Em Xangai, um assiste à aula do outro. A autonomia é importante porque o professor sabe a necessidade de cada criança, mas dentro de um currículo.
Quando foi convidada para assumir a Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação houve até abaixo-assinado contra. Há muita ideologia no debate educacional?
Houve contra e a favor. O debate ideológico é desfocado. Há uma visão de que a educação deveria ser aquilo que a gente está fazendo há 40 anos, falando de autonomia do professor na sala e tendo resultados desastrosos. O Brasil disputa os últimos lugares no Pisa, mesmo sendo a sétima economia.
Por que não aceitou o convite?
Eu gosto de comprar briga, mas foi uma questão pessoal. Tenho um neto que nasceu com a metade do coração. Naquele momento, não poderia sair do Rio.
No Brasil, os alunos fazem muitas avaliações?
O problema aqui é o oposto. Toda política pública tem de ser avaliada. Nunca vi ninguém contrário a que se avalie a incidência de endemias, ações de saúde. Em educação, havia pouca avaliação. Não temos excesso, o problema aqui é não usar resultados, até mesmo aqueles da própria escola.
Os professores não gostam de ser avaliados?
Eles gostam de ser avaliados se essa avaliação for tratada com respeito. Se as coisas derem certo, que seja celebrado. E, se der errado, que seja tratado com respeito. O mecanismo de ter escola que teve bom desempenho apadrinhando outra que não conseguiu tanto sucesso funciona superbem. Aí, você trata com respeito.
Vários estudos indicam que não há evidência do efeito do pagamento de bônus na melhora da educação. Essa política ajudou nos resultados da rede?
Ajudou na mobilização da escola para a aprendizagem. Não acho que sozinha ela melhora o processo de ensino.
Ao reorganizar os ciclos, como ocorreu no Rio, como lidar com o risco de reprovação?
Eu defendia a progressão continuada, mas o prefeito na campanha defendeu o fim da aprovação automática. Havia um programa de governo e aceitei entrar nessas bases. Ao analisar como foi implementada a progressão continuada no Rio, e isso acontece pelo Brasil, observo que houve erro brutal. Progressão continuada, para funcionar bem, precisa ser acompanhada de monitoramento de cada criança. A ideia não é aprovar sem aprender ou parar de avaliar.
O problema é na implementação? Acredita na progressão?
Hoje, tenho dúvida se não é mais vantajoso convencer o professor a não reprovar do que proibir a reprovação. Porque o objetivo não é que a criança seja reprovada ou aprovada, mas que aprenda. Há risco tremendo ao remover a progressão e aumentar a reprovação. Nós tivemos isso no Rio no primeiro ano. Houve um certo processo que eu chamaria de vingança contra o sistema, mas, ao longo dos anos, foi caindo a reprovação. A criança precisa aprender que ela é portadora de seu projeto de vida, que é responsável. É a meritocracia. E todo professor defende meritocracia para criança. Então, tem de ter meritocracia para os dois lados. 

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