Convivência com a seca e sustentabilidade no semiárido Pular para o conteúdo principal

Convivência com a seca e sustentabilidade no semiárido

 Convivência com a seca e sustentabilidade no semiárido

Eduardo Salles
Coluna: Agronomia
Eduardo Salles é engenheiro agrônomo e mestre em engenharia agrícola pela Universidade Federal de Viçosa, ex-secretário de agricultura da Bahia e ex-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Agricultura (Conseagri). Foi presidente da Associação de Produtores de Café da Bahia e também da Câmara de Comércio Brasil/Portugal e é, há 14 anos, diretor da Associação Comercial da Bahia. Ele escreve neste Política Livre quinzenalmente, às quartas-feiras.
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“Senhor secretário, se nada for feito, daqui a um ano, as crianças que nascerem aqui não vão saber o que é um bode”. O desabafo, em forma de súplica, foi feito por dona Lia, uma nordestina de 61 anos, presidente do Sindicato Rural de Macururé, no sertão do Raso da Catarina, durante uma das minhas inúmeras viagens ao interior em 2012, quando secretário da Agricultura da Bahia. O grito de dona Lia, que retratava o drama da população do semiárido, castigado pela maior seca da história do nordeste, provocou-me arrepios e fortaleceu meu compromisso de trabalhar para que no futuro o semiárido nordestino tenha sustentabilidade.
A seca é um fenômeno natural. Não se combate. É preciso conviver. Mas para isso os governos têm que encarar essa realidade com disposição para transformá-la, sob pena de um êxodo rural de grandes proporções, agravando os problemas dos grandes centros urbanos.
Costumo comparar a região semiárida aos países nórdicos, que têm todos os anos, durante seis meses, seus solos cobertos de neve e, nem por isso, seus rebanhos são dizimados. Podemos, sim, nos preparar com reserva alimentar e de água para esse convívio com a seca. Com esse objetivo o governo estadual criou o Comitê de Convivência com a Seca, coordenado pelo secretário da Casa Civil. As decisões desse comitê em consonância com as ações do governo federal, têm transformado o futuro de muitos agricultores do semiárido, através de ações emergenciais e estruturantes. Dentre as primeiras estão doações de cestas básicas, carros pipa, crédito emergencial, bolsa estiagem, Seguro Garantia Safra (na Bahia saímos de 6 mil para 300 mil nessa safra), instalação de mais 22 pólos emergenciais de venda de milho subsidiado da Conab, e doação através do SOS Seca de 2 milhões de quilos de milho para pequenos criadores, dentre outras.
Nas questões estruturantes, acredito que os pilares básicos para a convivência com o semiárido são a água para dessedentação animal e a reserva alimentar, e nesse sentido conquistamos vitórias importantes. Em relação à reserva de água, cada realidade é diferente no imenso semiárido nordestino. Em algumas regiões, a melhor opção é perfuração de poços, que mesmo com água salobra servem para o consumo animal, construções de milhares de cisternas de produção, e a perenização de rios e riachos com barragens, além da distribuição de água de rios perenes como o São Francisco para diversas comunidades ou até tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Semiárido como as barragens subterrâneas.
No tocante a essas últimas, eu, na condição de presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Agricultura (Conseagri) juntamente com os secretários do Nordeste, fomos à sede do BNDES no Rio de Janeiro e levamos proposta de construção de milhares destas barragens no semiárido nordestino e conseguimos a liberação de R$ 100 milhões, não reembolsáveis. Desse montante, R$ 26 milhões foram destinados à Bahia, recursos que permitirão a construção de mais de cinco mil barragens subterrâneas, limpeza e abertura de aguadas, através da compra e doação de máquinas retroescavadeiras e todo material necessário para efetivar estas obras, nos 92 municípios na área de influência da Codevasf.
Em relação à reserva alimentar, observamos que a melhor opção é o cultivo da palma, espécie de cacto com qualidades nutricionais excelentes e que convive com secas intensas. Meu sonho era que cada criador tivesse pelo menos ¼ de hectare ( ¼ de um campo de futebol) plantado de palma. Para se ter noção do que isso significa, basta considerar que uma cisterna de produção, com 52 mil litros de água pode irrigar ¼ de hectare de palma, viabilizando a produção de 200 toneladas desse cacto, suficiente para alimentar 200 cabras de leite por seis meses. Já avançamos bastante, porém só conseguiremos efetivar esta realização com políticas públicas continuas de médio e longo prazos.
Plantamos até cinco unidades multiplicadoras de palma (UTDs) em cada um dos 265 municípios do semiárido baiano, e 10 hectares irrigados em cinco estações experimentais da Ebda para multiplicação e doação de mudas de palmas nos anos seguintes a pequenos criadores. Além disto a Secretaria da Agricultura, através da Ebda, comprou e distribuiu 20 milhões de mudas aos pequenos criadores.
Por último, o governador Jaques Wagner aprovou a liberação de R$ 1,5 milhão para a construção da maior biofábrica de mudas de palma do mundo, em Juazeiro, que permitirá a distribuição de um milhão de mudas de palmas por mês a partir do final do ano. Sem dúvida alguma, o efeito multiplicador e continuado dessas ações, pode sim contribuir para a convivência plena com a seca e com sustentabilidade definitiva do semiárido nordestino.

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