Há cerca de 20 dias, a presidente Dilma revelou uma concepção (dela, claro) absolutamente interessante da sua guerra –perdida desde o ano passado- em relação à economia, que desce a ladeira empurrada pelos desacertos do governo, que está em desconforto. Simplesmente disse que a reação das medidas já tomadas só será sentida no mês de novembro. Consequentemente, depois das eleições. Com este calendário, se ela for eleita poderá tomar medidas paliativas, e guardar para 2015 decisões impopulares de sorte a tentar reverter o quadro. Se perder a reeleição, guarda silêncio e espera o janeiro chegar para entregar o governo, e o mandú econômico a quem for eleito da oposição, Aécio ou Eduardo Campos.
Em época de queda nas pesquisas, a presidente não fala sobre a economia, porque não tem como se explicar. Como o tema será explorado pelos opositores, terá que se preparar de alguma forma para se defender, porque quando o novembro chegar ela poderá já não precisar fazê-lo, a não ser acompanhar o discurso de Lula segundo quem o PT está a sofrer uma “fadiga de matéria”, que ele não imaginava para este ano, mas sim para 2018. A economia brasileira é, dentre os países do continente, a que mais decepciona, descontado a Argentina.
Não foi por falta de aviso de diversos segmentos, dentre os quais o empresarial, que vê as exportações ultrapassarem as importações, o setor industrial em crise, o PIB minguando, a inflação bêbada e, mais recentemente, o setor de emprego com carteira assinada também descendo a ladeira. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também já não se explica, e nem precisa. Não tem crédito para isso. Certamente marcará a sua trajetória apenas com a eficácia de um bom mentiroso. O Banco Central está aí a demonstrar.
Na história desta Copa do Mundo no Brasil, que jamais será esquecida, esperava-se que o turismo externo deixasse por estas bandas um saldo positivo em dólares. Até que deixou, acima de US$700 milhões, mas de pouco valeu porque os turistas brasileiros que viajaram para fora gastaram lá em torno de US$2 bilhões. Isso porque é mais fácil e barato comprar lá do que aqui. Aliás, está Copa ficará ainda marcada por diversos questionamentos, o principal deles as esperanças perdidas com o fisco da seleção, que virou até bucha de guerra e lembrança amarga no affaire diplomático travado entre o Itamaraty e o Estado de Israel, que comparou o Brasil com “um anão diplomático” Quanta falta de diplomacia...
Assim, a presidente está em busca de escapes, nem que seja quando o novembro chegar de sorte a tentar brecar a sua tendência de queda, consequência da sua grande rejeição, que só faz piorar. E isso antes de chegarem as rajadas da metralhadora política dos seus adversários. Demonstra, tão-somente, que Dilma está perdendo seus pontos no desacerto da sua política econômica equivocada e teimosa. Esta teimosia pode ser o enigma da “fadiga de matéria” lamentada por Lula em relação ao partido que fundou, lá no alvorecer dos anos 80. O problema é só dele ao desejar transformar País numa República-Império petista, escolhendo sozinho quem iria dar sequência ao seu projeto de 2018.
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