O escritório que os quatro auditores da prefeitura usavam como QG para cobrar propina de incorporadoras foi alugado pelo irmão do deputado federal licenciado Rodrigo Garcia (DEM-SP). O grupo chamava o local de "ninho".
Rodrigo foi secretário de gestão da prefeitura entre 2008 e 2010, quando Gilberto Kassab era o prefeito, e atualmente ocupa a secretaria de Desenvolvimento Econômico do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Ele foi um dos aliados mais próximos de Kassab até 2011, quando romperam.
O irmão de Rodrigo, o empresário Marco Aurélio Garcia, confirmou ontem à Folha que aluga o escritório e emprestou-o no começo deste ano a Ronilson Bezerra Rodrigues, apontado como o líder do grupo pela Promotoria e Controladoria Geral do Município.
Os quatro auditores são acusados de cobrar propina para reduzir o valor do ISS (Imposto sobre Serviço) que os imóveis novos têm de recolher para obter a autorização para serem ocupados.
O QG era usado para fazer reuniões com empresários que tinham problemas tributários. Foi lá também que o grupo traçou estratégias para justificar o patrimônio de R$ 80 milhões que os quatro haviam acumulado assim que a corregedoria convocou-os para explicar a incompatibilidade entre salário e bens.
Marco Aurélio diz que conheceu Ronilson por meio de advogados, que recomendaram-no para fazer consultorias contábeis e tributárias para as empresas que tem no sul do país. Ele é dono de uma rede de supermercados em Santa Catarina desde 2010.
Ele conta que alugou o imóvel em 2010 para uma das empresas dele, a LBG Consultoria e Gestão, mas logo em seguida comprou a rede de supermercados.
O escritório fica num edifício chamado Ouro para o Bem de São Paulo, na região central de São Paulo, e pertence à Santa Casa.
O aluguel de uma sala de 25 metros quadrados custa cerca de R$ 500, com um condomínio de R$ 400.
O secretário Rodrigo Garcia nega ter qualquer relação com os quatro auditores da prefeitura. "Não sei onde é essa sala, nunca estive lá e não tenho relações comerciais com meu irmão", afirma.
Ele diz que nunca se relacionou com os auditores, mas diz lembrar-se de Ronilson da época em que estava na prefeitura por causa do cargo que ele ocupava: o auditor foi subsecretário de Receita do município na gestão Kassab. O ex-prefeito não quis se pronunciar sobre o assunto.
Marco Aurélio diz não ter relação comercial com o irmão nem com políticos.
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