Vereadores trocaram acusações sobre casos de corrupção; PT cobra investigações da Assembleia sobre denúncias envolvendo governos tucanos.
Bate-boca entre vereadores do PT e do PSDB marcou a sessão desta quarta-feira (7) na Câmara Municipal de São Paulo. O líder do PSDB na Câmara, Floriano Pesaro, e os vereadores Paulo Fiorilo e Nabil Bonduki discutiram sobre as denúncias de formação de cartel para superfaturar contratos de obras do metrô no Estado. Revelado pela Siemens, empresa que fazia parte do suposto acordo, o esquema teria recebido aval do governo de Mário Covas (morto em 2001), José Serra e Geraldo Alckmin
Em seu discurso, o Pesaro disse que o cartel é investigado em oito Estados e que envolveria governos de diversos partidos, inclusive do PT em Salvador. Ele lembrou que no Recife, o metrô é operado pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), de controle federal, e que o pagamento do contrato com a Siemens é feito com dinheiro do PAC para Mobilidade Urbana. "A pergunta que fica é: por que ninguém fala disso? Já que a Siemens afirmou fazer parte de um cartel, ela deve ser investigada em todos os negócios que mantém no país?", questionou Pesaro. Junto com Mário Covas Neto, filho do ex-governador, Pesaro fez coro à fala do governador Alckmin de que o Estado é vítima. O governo do Estado chegou a acusar o Cade de ser uma "polícia política" e de estar vazando dados seletivos, de acordo com interesses do governo federal.
Fiorilo entrou na discussão para cobrar medidas do governo do Estado sobre as denúncias e deu o exemplo do prefeito Fernando Haddad (PT) na investigação dos contratos de ônibus na capital. "O PSDB precisa enfrentar a denúncia. O PT enfrentou a denúncia", disse. "Por que a Assembleia, que tem ampla maioria governista, não aprova uma CPI para investigar isso?" Para o petista, não é preciso citar nenhum nome, já que o esquema existiu em todos os governos tucanos. "Se os três governos do PSDB foram citados, é impossível que se tenha feito de forma etérea", atacou.Pesaro acusou os petistas de fazerem uma campanha difamatória contra o governo do Estado, em uma tática "nazista" que transforma em verdade uma "mentira contada mil vezes". "Não há nenhum tucano citado em nenhuma dessas reportagens", afirmou.
O vereador Nabil Bonduki (PT) também cobrou investigação dos colegas deputados estaduais. "Não temos na Assembleia nenhuma CPI para investigar." Nabil comparou também a crise com a instalação da CPI dos Transportes na Câmara. "Não se pode acusar o governo do PT de impedir que se façam CPIs, porque se o PSDB, se o governador Alckmin não tem nada a temer, como o Haddad nada tinha a temer no caso dos transportes, por que ele não orienta a sua base a permitir a abertura de uma CPI sobre o caso?”, questionou.
A CPI dos Transportes foi instalada em julho, mas contou com uma manobra do governo Haddad para emplacar Fiorilo, seu aliado, no controle das investigações.
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